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16-03-2004

Não vai haver crónica?


Crónica da América

Era sexta-feira à noite. Depois de ver e ouvir as notícias das seis e meia, resolvi sentar-me ao computador para escrever um e-mail. Disse eu, mentalmente, para com os meus botões: vou informar o Manuel Ferreira (para os outros, Adelino Ferreira), director do Portuguese Times, de que este fim-de-semana, não há "Falas do Calado" na TV do Canal 20. Que o Manuel, ou Adelino, é que põe as "falas", através do seu computador, para lhe dar a dimensão do "teleprompter", onde são metidas a dedo pelo José Mota, o director do canal. Mas, cheguei a este ponto e, em vez de mandar o e-mail ao Ferreira, a dizer que não havia “falas”, resolvi continuar a conversa, a dizer-lhe que a cabeça estava vazia, que não tinha arranjado tema para a conversa e que, por conseguinte, eu estaria ausente do já tradicional encontro de sábado de manhã. De facto, às vezes, a "cachimónia" recusa-se a colaborar e a gente sente-se vazio. E às vezes há razões para tal. Depois de martelar um noticiário diário de sete minutos para a rádio, sinto que é tempo de dar um pouco de descanso a este maravilhoso computador interno chamado cérebro. (E entretanto, o Adelino Ferreira continua à espera do e-mail.) Mas, já agora, que tenho a mão na massa, como sói dizer-se, mais uma
palavrinha para o director do P.T.
Pois é, caro Manel, a vida é uma coisa complicada e a gente anda com a cabeça tão cheia de notícias, e comentários, e políticas, e guerras, e propaganda, que não sabemos como digerir tantas ideias, e guerrilhas, e acusações, e contra-acusações, que uma pessoa não sabe para onde se virar. É preciso fazer um esforço para não perder o norte, ou seja, aquele fio-de-prumo que o Criador das Coisas pôs na cabecinha de nós todos. E é esse fiozinho de consciência, que nos aguenta à tona de todo este mar contraditório, raivoso, odioso, belicoso, e mais coisas que eu não digo agora.
Anda para aí o filme de Mel Gibson, a Paixão de Cristo, a ser mostrado às turbas e as pessoas ficam horrorizadas com tanta barbaridade. Ainda não o vi, a minha cara-metade não está com vontade de ver tanta violência, e eu também não. Aparentemente, o Mel Gibson quis apenas tirar partido desse terrível acto, difícil de imaginar, da morte na cruz. (Lembro-me que, quando
garoto, matavam o porco lá em casa, eu tinha tanto horror à sangueira, que me metia debaixo da cama e tapava os ouvidos). Assim como nos filmes de cowboys, o mais importante é o tiroteio, assim Gibson quis tirar partido da barbaridade da morte na cruz, mostrando-a com toda a crueza selvática de que o homem é capaz. Não me parece que foi a filosofia amorosa e humanista de Cristo o que mais interessou ao realizador. Mas sim o espectáculo horrendo da flagelação e morte do Nazareno, por ser o que mais fundo toca a sensibilidade das pessoas. Não sei se já viste o filme ou se tens outra opinião sobre o assunto.
E o trágico de todo este espectáculo humano, é ver os nossos simpáticos fundamentalistas evangélicos pregando com convicção sincera que a segunda vinda de Cristo está próxima. Deve notar-se que era com a mesma convicção que eles pregavam o fim de mundo no ano dois mil. No entanto, Deus, pregou-lhes uma partida e não lhes fez a vontade. Quanto a mim, oxalá que Deus não se lembre de mandar o seu filho de novo a este Vale de Lágrimas.
Calculem o que aconteceria ao pobre do Cristo se ele fosse para a Wall Street, em Nova York, no meio de um grupo de maltrapilhos e algumas Marias Madalenas, e começasse a gritar, em frente do edificio da Bolsa: "É mais fácil um camelo entrar pelo fundo duma agulha, do que um rico entrar no reino dos céus". Os FBIs e as CIAs, caíam-lhe em cima, e ele era preso imediatamente como terrorista. Pois terrorista, é hoje um termo mais perigoso do que que comunista era há uns anos a esta parte. Como vez, caro Manel - dizia eu no e-mail que comecei a escrever - a minha cabeça, hoje não está muito católica. E eu queria informar-te para que dissesses ao Eurico Mendes, ao Mota e ao Lima, que este fim-de-semana não havia "Falas do Calado". Entendi que o Calado às vezes deve respeitar mais o seu apelido, pois quem muito fala, muito erra. Mas... (e aqui entra o "mas", que é condição sine qua non da nossa vivência e da própria condição humana.
Mas... disse eu - uma vez que cheguei até aqui, com todo este palavreado, mal dito e mal pensado, já agora, espera-me aí amanhã no estaminé do PT, que eu aí estarei às nove, mais coisa menos coisa.
E mais não disse. E depois, carreguei no botãozinho, e mandei finalmente o e-mail para PT dot com.


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